Krishna em O Mahabharata [trad. Jean-Claude Carrière]

"Resiste ao que resiste em ti.
Sê tu mesmo"

quinta-feira, 7 de maio de 2009

o que deve ser feito

Tem uma coisa muito legal acontecendo comigo, me dei conta esses últimos dias. De uma hora pra outra as pessoas começaram a dizer coisas boas sobre o meu trabalho. E não é só elogiar o texto de um artigo, é elogiar iniciativas, ações que eu fiz porque acreditava, ou então elogiando um link que eu repassei, um artigo que eu encaminhei, um livro que eu recomendei... e aí alguma coisa que eu proponho é aprovada e em seguida em convidam pra debater na frente de uma platéia sobre um tema em que há 1 ano atrás eu era quase leiga...

Mas a coisa legal que está acontecendo não é as pessoas terem começado a dizer essas coisas, é eu ter começado a ouvir. Dentro de mim eu começo a acreditar no que eu digo pros outros, eu finalmente me convenço e aí passo a dar créidto ao que me dizem de volta. Pela primeira vez na vida, quando eu deixo os pensamentos vagarem me vêm imagens de situações das quais eu me orgulharia. Me vejo defendendo um ponto de vista cheia de argumentos, vejo meu nome tornar-se referência sobre determinados assuntos, vejo o que eu digo, escrevo e, principalmente, faço, ganhando crédito em esferas que insistem em ser cada dia maiores. A maior alegria é que eu me veja lá, e goste do que eu vejo.

Há alguns meses eu passei por um processo intenso de revisão de valores e atitudes, uma viagem profunda de auto-análise e uma missão de auto-resgate. No meio desse caminho percebi um sintoma muito grave: eu não conseguia me ver em situações positivas. Não conseguia imaginar a mim mesma fazendo nada que eu realmente quisesse. Eu só queria essas coisas, estar nesses lugares, eu não me via lá. Eu tinha vergonha demais da minha própria imagem pra me ver fazendo essas coisas. Aí num dado momento eu entedi que tinha que parar de querer e começar a fazer as coisas. Fazer o que tem que ser feito porque sabe que tem que ser feito, cortar o eu queria da frase, trocar por eu vou.

Há muito tempo eu dizia isso e agora volto a dizer: no fundo a gente sempre sabe o que quer fazer. Não existe a dúvida, existe a insegurança, existem os medos, as travas. Se você se liberta dessas amarras, se ultrapassa essas barreiras, você consegue fazer o que quer, e então estará fazendo o que deve ser feito. E quando você começa a fazer o que deve ser feito, você se sente bem, se sente seguro, isso te dá uma energia que você não acreditava poder existir. E você chega onde não esperava, sem perceber, sem ter procurado, num belo dia você olha e está lá. E aí você entende que se chegou até ali, vai chegar muito além. E aí as imagens vêm, promissoras.

Só não pode achar que agora está tudo resolvido e garantido. O movimento é ir sempre pra frente, cada vez um pouco mais, cada vez mais direto ao ponto, fazer o que deve ser feito, sem rodeios.

terça-feira, 5 de maio de 2009

um cara tipo o Leo

Entrou no ônibus e viu alguém potencialmente interessante. Sentou-se na janela do banco ao lado, de modo que pudesse observá-lo. E aí se deu conta de que não, não era um cara interessante, apesar de um ou outro traço, eram pistas falsas. Não estava só no cabelo e nas roupas, era alguma coisa no olhar mesmo que revelava uma certa espécie de postura diante da vida, uma classe de comportamento quase alguma coisa em que era típico encontrar caras quase interessantes, tipo... tipo... tipo o Leo. E aí se deu conta, de um flash. Aquele menino, de tanto tempo, que um dia fora tão especial, que um dia lhe revolucionaram tanto os planetas, aquele por quem dissera eternidades... tornara-se em algo que a surpreendera e, admitamos, decepcionara tanto, que ele agora não era mais que uma referência daquele tipo mais ou menos de cara quase interessante mas que na verdade não a empolgava em nada...

segunda-feira, 4 de maio de 2009

domingo, 3 de maio de 2009

poema pra quando estiveres cinza

naqueles dias em que a luz do sol ofusca mais que revigora,
em que a cama engole mais que descansa,
em que a comida escraviza mais que alimenta,
em que os braços pesam mais que produzem,
em que os versos confessam mais que rimam...

não faz desses os dias mais notórios,
mas também não tenta obrigá-los a passar despercebidos.

pensa no que fizeste e que não fizeste ontem pra que te sintas assim hoje.
e pensa no que fizeste e que não fizeste nos dias em que tuas cores foram outras.

e amanhã, quando amanhecer o dia e o sol novamente lamber tuas pernas,
abraça-o e pula da cama como sabes que és capaz

porque já o fizeste.



agora que fizeste de tudo, agora que tantas vezes foste e voltaste
escolhe ficar onde as cores são mais alegres

retrocesso

de vez em quando a gente tem que fazer coisas que tinha se prometido não fazer nunca mais.

pelo menos serve pra acordar e dizer, é, eu tinha razão afinal, não foi uma decisão infundada.

e aí você faz uma faxina, recolhe os cacos, põe o lixo pra fora e começa tudo de novo.


errar duas, três, vinte vezes, nem sempre é burrice. é que os processos de aprendizado às vezes têm mesmo que ser lentos.