Krishna em O Mahabharata [trad. Jean-Claude Carrière]

"Resiste ao que resiste em ti.
Sê tu mesmo"

sábado, 25 de outubro de 2008

depois de ver O clube da luta pela 1ª vez

 André:  Acordada?
 eu:  sim
cheguei agora
to arrasada
 André:  Gente!
Pq?
 eu:  esse filme
acabou comigo
 André:  Eu vi. Vc ficou arrasada.
 eu:  mexeu em muitos pontos
 André:  Ele é foda mesmo.
 eu:  enfim
to aqui tomando coragem pra dormir
 André:  É, para designer de produto imagino qe pode mesmo ter sido uma porrdada.
 eu:  nao leve a mal minhas aparições
 André:  Nunca levo a mal.
 eu:  cara, nem me fale em design
to por aqui
rs
 André:  Ahahahahahahhaha
 eu:  aiai, preciso me formar logo
pra fazer mestrado
 André:  Vc tem muita coisa na cabeça. Isso é bom.
Vamos ver o que fará om isso.
 eu:  hahhaah
nao quero fazer nada com isso
o mundo seria um lugar melhor se todos nao fizéssemos nada
no sentido de fazer mesmo
 André:  Serás?
 eu:  tá cheio de coisas feitas
temos que desfaze-las
organiza-las
nos libertar de todas elas
precisamos de mais espaço
ai, to chapada
 Enviado às 05:18 de sábado
 André:  Estamos
 Enviado às 05:21 de sábado

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Fiquei com um carinha super fofo. simpático, bonitinho, cabelão, barba, tatuagens. nao tinha mais que 30. olhares, sorrisos, começamos a dançar juntos, nos apresentamos, nos pegamos, dançamos muito. onde vc mora, o que você estuda... todas as respostas corretas. rodopios, um clima bonitinho.


então um diálogo breve:

você vai pra onde depois daqui? vou pra casa, amanhã tenho aula cedo. 
hm. 
voce nao quer ir pra minha casa ou que eu vá pra sua? não, tenho mesmo que acordar cedo amanhã. 
hm. 
mas eu posso te dar meu telefone. 
uhm.

aí ele vira as costas e vai embora. assim. sem nem inventar que vai ao banheiro. ele simplesmente vira e vai.


preferi achar engraçado, achar que ele estava muito bêbado e não raciocinara quase nada em nenhum momento (inclusive nos bonnitinhos). mas aí bate uma certa indignação, se não com o carinha que podia ser tanto um canalha como o homem mais fofo do mundo completamente bêbado (isso ele estava, de qualquer forma), com a ironia da situação.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

todas as pessoas são a única pessoa do mundo

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

sobre nossos filhos

tava eu aqui pensando como eu gosto da minha mãe. e como eu acho que ela vai ser uma boa avó. e como eu vou sentir falta quando ela não estiver mais lá, mas o quanto ela vai em ajudar enquanto estiver...

aí me lembrei de uma coisa que eu tava dizendo pra uma amiga outro dia. que nós somos a geração que vai ver a mutação acontecer. mas nossos filhos é que serão realmente a primeira geração da mutação. nós vimos o computador invadir as casas e os celulares surgirem, ficarem leves, ocuparem todas as bolsas e tornarem-se o principal ícone de um estilo de vida. nossos filhos não serão capazes sequer de conceber esses processos.

um mundo sem computadores e celulares parecerá totalmente jurássico para nossos filhos. como no caso da menininha de 3 anos que levantou no meio do filme pra procurar alguma coisa atrás da tv. o pai achou engraçadinho e perguntou o que ela estava procurando, e ela respondeu "o mouse!". Ainda zapeamos muito a televisão, o computador às vezes é cansativo, poucos de nós ainda preferem descansar os olhos em um bom livro.

esses que estão por vir certamente desenvolverão outros olhos, terão potenciais diferentes diante da tela que encararão desde os primeiros anos de vida. não tenho nenhum dado sobre isso, mas acho provável que uma criança já aprenda a mexer no mouse antes de usar sozinha o peniquinho. lerão o hipertexto desde sempre, na educação fundamental inclusive. se alfabetizarão digitando antes mesmo do treinamento escolar. terão o google e o wikipedia como parceiros desde as primeiras ginganas culturais da colônia de férias via um aparelhinho corriqueiro.

honestamente, me parece assustador e fascinante o desafio que será educar essas crianças tão diferentes de nós, mas ainda assim compreensíveis. elas serão tudo o que hoje sonhamos ser, terão acesso ao que idealizamos por anos dos desenhos de hanna-barbera aos sucessos de bilheteria da ficção cinetífica filosófica.

mas eu me pergunto que família terão esses nossos filhos. me pergunto se serão capazes de conversar com sua avó, se ela será capaz de conversar com eles... se terão pais e primos ou se serão indivíduos vagando soltos, mochileiros cibernéticos sem sobrenome, googleIDs vagando pelas redes sociais sem nenhuma âncora emocional no mundo físico que os rodeia. quanto tempo passam os adolescentes hoje na internet, nos chats de bate-papo, nas redes de relacionamentos? quanto tempo passarão, desde a primeira infância, nossos filhos? quantos de nós passamos mais de nosso tempo livre isolados no trânsito, ou em diversões particulares, com nossos ipods nos ouvidos do que conversando com amigos? quantos amigos virtuais terão nossos filhos? quantas linguas falarão nossos filhos? quantas liguas serão faladas no mundo? serão essas linguas alfanuméricas?

nossa lógica ainda é muito ocidental, nós vimos cair o muro, caírem as torres, caírem as bolsas. nossos filhos, em que contexto político crescerão, de que tratarão suas aulas de geografia? que aulas de história serão dadas, hitória do mundo globalizado? como são hoje as aulas de história na União Européia? e nos Estados Unidos? poderão ser para sempre tão diferentes? deverão ser ainda mais diversas ou assemelhadas? como serão as avaliações em seu equivalente ao nosso ensino médio, como será a universidade que frequentarão?

que tal lhe parecerão nossos pesados notebooks e bidimensionais projeções de cinema? quão irriquietos se sentirão diante da passividade da televisão? que incríveis formas de interação com a máquina em todo o seu processo de aprendizado terão, causando-lhes as mais imprevisíveis desenvolturas...

e volto a pensar como será nossa família. se poderei ver a minha mãe ser a avó que eu sei que ela seria. se meus filhos poderão ter os pais que sempre me faltaram ou se para eles sequer fará falta e ficarei apenas eu, ficará apenas a nossa geração frustrada com a ruptura do que idealizamos perpetuar.


não é para nos angustiarmos com isso. 


há que se andar pra frente, entender os processos e tomar parte. mas que eu me coloco muito curiosa, isso sim.