Krishna em O Mahabharata [trad. Jean-Claude Carrière]

"Resiste ao que resiste em ti.
Sê tu mesmo"

sexta-feira, 7 de maio de 2010

surpresa e gratidão

Esse é o primeiro dos muitos posts que certamente virão, influenciados/motivados pelas experiências e reflexões que o curso sobre Comunicação Não-Violenta estão me proporcionando. Em algum momento e provável que eu me sinta inspirada a escrever de forma mais explicativa sobre os conceitos e "métodos" da CNV. Neste momento, compartilhar um relato me satisfaz mais.

cheguei do encerramento do módulo 1 do curso de CNV motivada a iniciar um caderninho de auto-empatia, onde escreveria observações de verdades, apontando depois como me sinto em relação a elas, que necessidades esses fatos atendem ou deixam de atender... e ir entrando num diálogo empático interno, meio para ver onde chegaria.

comecei com algo que sempre me vem, o fato de que às vezes eu como mais do que acho saudável, ou sinto muita vontade de fumar (ou mesmo fumo...). essas "puladas de cerca" me fazem sentir frustrada, decepcionada e culpada porque não atendem a minhas necessidades de saúde, bem-estar, beleza, segurança, pertencimento e, principalmente, respeito (a decisões que eu mesma tomei). mas a CNV me ensinou a ver que comer um doce ou fumar um cigarro atendem a minhas necessidades de celebração, diversão, prazer, reconhecimento e autonomia.

a partir disso, testei me fazer perguntas/pedidos e observar minha reação caso eu respondesse sim ou não. minha primeira pergunta foi: você pode olhar para isso de forma mais tolerante? a resposta foi sim. só que o interessante é que eu percebi que se a resposta fosse não eu não ficaria muito abalada. o que confirma que a resposta é sim.

aí minha pergunta seguinte foi você pode encontrar outras formas de celebrar? a resposta foi sim novamente. no entanto, eu disse pra mim mesma que continuaria sentindo vontade de comer um chocolate ou fumar um cigarro de vez em quando e que preferiria deixar acontecer e ver como eu lidaria com as consequencias depois, para ver se um dia essas consequencias me fariam perder a vontade. e se nao fizessem, talvez fosse porque as necessidades atendidas fossem mais significantes naqueles momentos que as não atendidas.

e, enquanto pensava tudo isso, fui sentindo fome e vontade de fumar. aí vem a parte interessante: me fiz a pergunta você pode controlar agora a vontade de fumar e/ou comer algo? e antes de responder, eu pensei que se a resposta fosse não, ou seja, se eu cedesse à vontade, eu me sentiria novamente frustrada, decepcionada e desrespeitada. mas ao mesmo tempo, me sentiria acolhida e compreendida, como uma criança que tem seus desejos atendidos. e só de pensar nisso, para minha imensa surpresa, a vontade passou!!!

é surreal o quanto estou feliz com esse resultado totalmente inesperado!

sinto muita gratidão não apenas pelo Dominic que conduziu o curso, ou pelo Diogo que organizou, ou pelo Marshall que iniciou a pesquisa de CNV... mas por todas as pessoas que estiveram presentes e compartilharam tantas coisas, por mim mesma por ter tido a iniciativa de fazer o curso, por acreditar que esse processo poderia dar certo, por ter sido de fato empática nesse diálogo tão breve mas tão esclarecedor, por todos os fatores da minha vida que me trouxeram até aqui....

hoje senti muita plenitude, me senti muito cheia de coisas muito lindas. e esse fechamento foi totalmente perfeito, não apenas pela beleza e profundidade que isso tem para mim, mas principalmente pela surpresa.

surpresa, amor e gratidão.