Krishna em O Mahabharata [trad. Jean-Claude Carrière]

"Resiste ao que resiste em ti.
Sê tu mesmo"

segunda-feira, 1 de junho de 2009

eu vejo você

facilmente eu te visualizo beijando uma outra mulher. uma menina. você sorri. daquele jeito que você sorri. seus olhos brilham, eu ouço o seu riso. eu imagino você abraçando ela, ela é pequena, você se abaixa para beijá-la. você e ela não têm nada em comum. ela não tem ideia do que se passa na sua cabeça. e o que se passa na cabeça dela passa muito longe da sua. mas você acha ela bonita. e ela acha você bonito, sem dúvida. não sei se do mesmo jeito que eu acho você bonito. eu gosto de pensar que eu acho você bonito de outro jeito. mas sinceramente, eu não sei se eu vejo a mesma coisa que ela vê e invento todo o resto para me justificar. é sincero o beijo de vocês. é só um beijo. o sorriso também é sincero. duram só aquela fração de realidade, beijo e sorriso, só enquanto vocês estão ali, e se beijam e ela ri mais infantil que maliciosa, você também, um pouco infantil. é preciso ser muito leve para se beijar assim, tão inocentemente.

outro dia eu sonhei com você e eu beijava você. mas não era você de verdade. era só o seu rosto. não tinha o som do seu riso nem o brilho dos seus olhos.

eu queria me ver beijando você. ou melhor, queria ver você me beijando. mas eu não consigo, isso eu não vejo. eu vejo você curioso me perguntando coisas e até você me contando coisas. eu vejo você me admirando e se importando com a minha opinião e dando valor ao que eu digo. e eu só digo isso tudo porque quero que você goste de mim. eu vejo você sorrir sinceramente diante da minha presença. mas eu vejo você sorrindo enquanto beija essa outra mulher.