Krishna em O Mahabharata [trad. Jean-Claude Carrière]

"Resiste ao que resiste em ti.
Sê tu mesmo"

sábado, 18 de outubro de 2008

Continuo sonhando com você

Quase todas as noites, em algumas semanas.

Acordo de outra cor. ultimamente, aliás, ando de outras cores, venho até pensando em mudar as cores na tela, mudei um pouco nas roupas, que aliás não cabem mais e eu vou procurando as mais confortáveis. verdes-água, azuis-piscina, roxos e lilases, laranja, algum rosinha, amarelinho alaranjado, magentão, tons de cinza, preto. de repente valhe um ensaio, umas aquarelas... mas não era sobre isso.

Era sobre você, de novo. cada vez mais distante, cada vez mais uma bobagem. E eu sonhando com você, cada vez mais. Você nunca mais nem me disse nada. Nenhum email, nenhuma gracinha. Você nunca mais me fez sentir daquele jeito especial. Você nem me disse se tomou conhecimento dessas coisas que eu fico aqui rabiscando. Acho que ando com saudades de você, por tudo isso. Ando revertendo pra você tantas outras qualidades, e se me atrai a atenção um outro é algo seu nele.

A situação toda vai adquirindo um tom onírico, que de certa forma me desinibe. Quase posso dizer seu nome.

Fico ouvindo as coisas que eu acho que você ouve. Marcando tags e sublinhando textos que eu acho que te interessariam. Me perguntando que cinema, livraria, restaurante, barzinho, padaria você frequenta.

Ando me redesenhando no espelho. No olhar, nas leituras, nas inquietações. Ando longe das pessoas. Me dá ainda menos vontade de estar com qualquer pessoa e ainda mais vontade de estar com você. Chega ao ponto de eu ter que saber se você está por perto. Se você já chegou, se você vem, a que horas você chega. Tenho ciúmes quando tem alguém lá contigo.

É bom quando eu sonho com você. Dá vontade de esbarrar com você e comentar desentendida, sonhei com você.

é, eu continuo sonhando com você.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Eu andava estranha essa semana, sentindo falta de qualquer coisa que não sabia o quê...

das coisas leves, é claro. dessa tela, branca, desse texto correndo... muito antes, conversar com a tela dentro da própria cabeça. assistir televisão. hoje está passando jumanji. e eu, que estava aqui, pensando no futuro. nós já estamos no futuro, bem viiiiiindos ao futuro! e o futuro à nossa frente?

há tempos eu me pego pensando nisso. se para alguém seremos como são para nós aqueles homenzinhos bidimensionais da renascença. ou ainda mais adiante, quando seremos grotescos e supérfulos como são para nós essas criaturas mumificadas que vez em quando são desencavadas.
que pensarão essas pessoas? que farão essas pessoas? nos considerarão sujeitos, essas pessoas?
nós mesmos, quando fechamos os olhos e visualizamos uma escultura ou ilustração grega ganhar vida e andar, falar, quando pensamos em Platão, reconhecemos ali alguém como nós? que reações teria Platão ao cruzar a Avenida Paulista, o quão risível e distanciador nos pareceria seu espanto?

nossa curiosidade não tem limites. assim como nossa vaidade. ambas, por sinal há muito tempo convertidas em instinto de sobrevivência. talvez tenha mesmo a ver com o tal do Revirão do Magno, tem que ler.

ah, a vontade que eu tenho de saber como era estar lá. e como vai ser. e como deve ser ser você. estar agora em qualquer lugar do mundo, em uma choupana nos Alpes, em uma clareira estrelada na Amazônia boliviana, à beira de um vulcão durante uma cerimônia inca, um senhor feudal da Cornuália, Cleópatra, um aborígene australiano, o Buda. Todos esses sujeitos hão. Ou houveram. Tantos outros que haverão. Como sentem, sentiram ou sentirão o mundo, essa quantidade fabulosa de sujeitos? Quantas vidas humanas houveram desde o primeiro hommo sapiens? Quantos sujeitos que se reconheceram como sujeitos?



e se retrocedermos? se a barbárie novamente imperar, se nossa predominância sobre a Terra se svanecer até que sejamos tragados pela selva, por novas classes de selvas? e se nos tornarmos a espécie observada pelos curiosos ou especialistas?