Krishna em O Mahabharata [trad. Jean-Claude Carrière]

"Resiste ao que resiste em ti.
Sê tu mesmo"

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Anônimo disse...

quem deixa comentário anônimo, gente?

logo comigo?


a gente fica tentando decifrar no texto, no uso de uma abreviação ou de uma expressão mais incomum, no tom... aí a gente cogita as possibilidades, as figuras que eu sei que passam por aqui de vez em quando. quem não se identificaria, pelo menos no tom? e se for alguém que passa por aqui e eu nao sei?


o estranho é que deixaram um PS. Eu tb estava pensando nisso há uns tempos...


prefiro achar que tenha sido alguém recorrente e avoado que só esqueceu de assinar.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

só um fotógrafo compartilharia da minha emoção ao abrir as cortinas. uma luz amarela, um céu amarelo. as nuvens agora já cobriram tudo e então ficou tudo branco, mas antes era esse amarelo incrível.


aí eu ponho as mãos na testa e me pergunto o que raios eu estou fazendo? é a pergunta que me faço há dias e que me travou e eu nao consigo fazer mais nada além de assistir sex and the city e pensar naquela criatura. é uma sensação tão estranha. todas as suas convicções de repente escorrem geladas pelos dedos surpresos e vem tudo outra vez, a vontade de empacotar a vida e sair correndo, fugir pra outro país, começar do zero, mudar de nome. e lá vou eu tentar falar disso na análise. nem falar não dá. o assunto em si é escorregadio, não consigo descrever pra ela como eu me sinto, fico ali fazendo cara de boba, não dizendo coisa com coisa.

a algum lugar eu cheguei. num dado momento eu viro pra ela e digo que deixo a bagunça chegar ao extremo, que deixo o caos se instalar antes de me incomodar em arrumar. espero não ter mais prato pra usar antes de lavar a louça. não ter mais lugar pra sentar antes de guardar as roupas. deixo o cinzeiro encher até a boca. não é só com o meu quarto que eu faço isso. é tudo, é uma inércia gorda e imensa que me dá sono, muito muito sono, toda vez que eu penso no futuro e não vejo fogos de artifício, toda vez que eu estou temerosa ou insegura, parece que é tudo um grande desperdício de tempo e talento, mas não tenho ânimo pra fazer nada.


uma vontade incrível de ir pra europa assim que sair o passaporte. ou de ir pra outra cidade e arranjar um emprego. ou de começar minha empresa aqui. ou de aprender milhões de programas úteis, ou de ler tantos autores importantes, um monte de possibilidades interessantes para os projetos, esperando para serem executadas. as idéias esperando no limbo, as viagens, os livros que eu quero ler e que eu gostaria de escrever, tudo isso flutuando fantasmagórico do lado de fora. e aqui dentro só pensamos em se apaixonar, namorar, casar e ter bebês.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

nunca foi sobre mim. normal que você faça isso de vez em quando, todo mundo faz. mas só agora eu percebi, eu antes achava que era diferente quando era comigo, que você me via diferente. tudo bem, passou. acho importante entender que se o que eu sentia me parecia absurdo, é porque é absurdo mesmo, e se é absurdo eu mesma nunca ia levar a sério. ia sempre ser uma fantasia. melhor que fique no espaço da fantasia só então, honestamente. sem sofrer com isso. de vez em quando um sonho, acordar com o coração leve, de vez em quando um sorriso. mas um sorriso leve e não diferente de tantos outros.

domingo, 9 de novembro de 2008

2 considerações

a primeira é a seguinte: deveria ter um nome pra essa sensação, mais do que um sentimento, de estar com alguém e querer estar para sempre. dançando no meio do apartamento, na cama, ouvindo música, contando histórias. não é exatamente estar apaixonado. geralmente essa sensação acontece um pouco antes da paixão. geralmente é alguém que você praticamente não conhece, ou mesmo que conheça a muito tempo não conhece desse jeito, não conhece esses pedaços da vida, do corpo, do gesto. essa sensação geralmente acontece quando dois estranhos se surpreendem juntos com a química entre eles e com a compatibilidade de pensamentos e de preferências e de senso de humor e de ritmo. um fica admirado com o desempenho sexual, intelectual etc do outro e de repente se dão conta de que não conseguirão dormir um ao lado do outro. seus corpos não se deixam, os assuntos se emendam, a pele é macia demais, o cheiro é bom demais, o cabelo é fino demais. tudo é inebriante e irresistével, as mãos e as bocas não param quietas e o dia amanhece com aquela pessoa ao seu redor. você não quer voltar pra casa, não quer ir a lugar nenhum se não for com ela, você não quer nem pensar em segunda feira, você quer viajar com ela.
o cara é uma graça, a trepada é incrível, vocês mal se conhecem mas tudo o que dizem soa tão familiar que poderiam ter sido assim desde sempre. esse momentos são tão especiais que o tempo corre completamente diferente. o passado pode até vir todo pra cima da cama com clareza no discurso, mas nos atos, aquelas duas criaturas nasceram agora e tudo o que conhecem do mundo é um ao outro. não se sente ansiedade para absolutamente nada. tudo o que eu quero está aqui do meu lado. e isso é mútuo.
mas você em algum momento volta pra casa, seja 6 ou 36 horas depois e de repente se pega imaginando formas alternativas de relacionamento. porque aquela pessoa é incrível e você sabe que precisa encontrar uma maneira de ter um relacionamento com ela mesmo sem precisar admitir que é um relacionamento.
o que nos leva à segunda consideração, que na realidade é um questionamento: porque a gente de repente passa a ter a sensação de que não pode se apaixonar, de que tem que ser informal, natural, que as coisas têm que acontecer no seu tempo, de que tem que deixar rolar.... quando todos esses eufemismos significam exatamente o contrário?
porque a gente se sente tão à vontade pra se entregar a essa sensação incrível de estar junto e querer estar pra sempre, mas não tem conragem de passar disso? eu fico sempre achando que é porque ele não seria capaz, que ele não vai querer e eu vou perdê-lo, por isso tenho que me conformar com o pouco, porque temos que aceitar aquilo que o universo nos dá e não nos atormentar com o que não temos. sim, eu acredito nisso. mas não acredito que isso me exclua os desejos, os anseios. e de repente, assistindo a esse seriado genial sobre as mulheres de 30 e muitos que eu percebi. cansei dessa vida de adolescente. cansei dessa sensação de que falta alguma coisa, de que estou esperando alguma coisa, de que não é ainda a hora de dizer, porque não é ainda a hora de sentir.
quero ir além do fim de semana e além da sensação, quero poder inundar minha vida do sentimento de querer estar junto para sempre. quero gritar esse sentimento para o mundo e compartilhá-lo com alguém que também o sinta.