‘A sociedade contemporânea é um programa, cujas possibilidades são tão amplas que os indivíduos não percebem que só podem programar – escolher, apertar – o que está pré-programado.’ (Flusser)
Me interessa perceber os limites desse programa. E descobrir que há formas de viver na fronteira. Me pergunto se alguém vive do lado de lá – seja porque ser trancado do lado de fora (exclusão social), seja por pular ou derrubar o muro (neo-hippie, contato, ecovilas).
‘a sociedade moderna se define como sociedade ampla, de grande mobilidade social, com indivíduos como personagens centrais (...) inexistência de exterioridade’ (Nascimento)
Inexistência de exterioridade?
Me interessam essas pessoas que vivem como em mundos paralelos, que transitam pelas mesmas ruas que nós, tomam os mesmos coletivos que nós, falam as mesmas línguas que nós, até usam as mesmas roupas que nós. Mas que vivem, senão do outro lado, nas fronteiras, nos limites.
No fim das contas o que interessa é a liberdade. O conceito de liberdade é cultural. Mas o que eu digo que estou chamando de liberdade, se é que tem algo atrás dessa palavra, se é que existe um referido... Qual o espaço dessa liberdade pré-objetificada? Existe uma ‘necessidade universal’ (Rosemberg) de liberdade que cada sociedade permite aos membros expressar ou satisfazer mais ou menos?