Há algum tempo alguém me desejou isso. Aliás, desejou não, recomendou:
"Seja feliz.
Mas seja de verdade, mais que a felicidade boba de ceder a um capricho momentâneo. Tenha a grande felicidade das grandes pessoas."
Na época eu fiquei entre o entender errado e o não entender. Na época eu achava que felicidade era praticamente o sinônimo de hedonismo, porque felicidade pra mim era poder fazer exatamente o que eu tivesse vontade na hora que tivesse vontade. Daí meu empenho em experimentar o máximo, provar todas as experiências que se apresentassem e ir colecionando prazeres e ir repetindo-os, me habituando a eles, cultivando-os no meu dia-a-dia tanto quanto possível. Quanto mais café, chocolate e coca-cola, quanto mais orgasmos, quanto mais aventuras, quanto mais variedade, quanto mais tarde, quanto mais longe, quanto mais intenso, quanto mais alto...
é redundante dizer que pra quem quer sempre ir mais alto o céu é o limite?
Só que passou. Que bom que passou. Passou como um ventaval que vem e levanta as saias e espalha as folhas e desgrenha os cabelos. E depois que passa e você tem que colocar tudo no lugar de novo, você sempre acaba reorganizando. Eu pelo menos, cada arrumação minha de quarto tende a ser uma realocação melhorada das coisas.
O mesmo pra vida. Tava uma bagunça. Arrumei, finalmente, mas não devolvendo as coisas às suas caixinhas, reorganizei como me pareceu melhor agora. Os conceitos inclusive. E quando eu peguei esse livro do Flusser na estante hoje e abri nessa dedicatória, entendi perfeitamente.
Krishna em O Mahabharata [trad. Jean-Claude Carrière]
"Resiste ao que resiste em ti.
Sê tu mesmo"
Sê tu mesmo"
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário