Krishna em O Mahabharata [trad. Jean-Claude Carrière]

"Resiste ao que resiste em ti.
Sê tu mesmo"

domingo, 12 de julho de 2009

alívio

não sei o que me deu, mas foi uma vontade meio kamikaze de falar tudo. aí resolvi falar. aí meu coração disparou e quase saiu pela boca, minha mão gelou, mas ainda assim eu falei. intimidade mediada é muito mais fácil. primeiro ficamos os dois super sem graça. aí ele falou que meio que já tinha reparado. aí eu achei ele um cara mais legal ainda por já ter reparado e ainda assim não ter saído correndo. aí eu falei que só estava contando porque queria que fôssemos amigos, bons amigos. e ele disse "que bom" e deu um sorriso simpático. aí conversamos mais um pouco sobre isso, ele disse também que tinha se identificado comigo e que achou que podia parecer que estava me dando mole, mas isso foi da cabeça dele, porque não pareceu mesmo. aí depois mudamos de assunto e continuamos conversando normalmente.

terminada a conversa, eu estava meio eufórica. um sorriso sincero, bastante nervoso, é verdade, as mãos ainda geladas, mas nenhum pingo de decepção. não falei esperando ouvir nada diferente do que ele disse. pelo contrário. tive medo de que ele fosse reagir mal, sumir, fazer de conta que o computador deu pau e nunca mais olhar na minha cara. a naturalidade com que conseguimos lidar com a situação anuncia a boa amizade que finalmente poderá florescer.

não sei porque eu funciono desse jeito. mas sinceridade pra mim é um imperativo. é muito difícil manter uma conversa com alguém e não dizer tudo o que me vem à cabeça. seria insustentável continuar convivendo com ele sem ter certeza de que ele sabia. e seria impossível também superar, esquecer, deixar de criar expectativas, sem abrir completamente o jogo e ter certeza de que ele não tinha um pingo de interesse. agora eu posso dormir em paz e não ficar mais nervosa a cada vez que a gente for se encontrar ou a cada vez que ele vier me procurar. e se por algum acaso do destino que, vai saber, sempre nos prega peças, ele um dia sentir uma pontinha de curiosidade de saber como poderia ter sido, meu gesto deveria deixá-lo confortável pra dizer tão logo a vontade lhe passe pela cabeça. mas repito, não tenho nenhuma expectativa em relação a isso.

qualquer pessoa pra quem eu contar (e escrever aqui não deixa de ser sempre uma forma de contar pro mundo inteiro) talvez me ache completamente maluca. mas não sei, acho que tem a ver com o meu modo de ser 8 ou 80. se eu gosto de alguém, eu gosto muito. e se eu me disponho a esquecer, eu tenho que passar por um processo muito radical. como cortar relações com ele não era uma opção, visto que eu realmente aprecio a amizade que brotou espontaneamente, minha única alternativa era desabafar pra atração sair de mim junto com as palavras.

2 comentários:

Erica disse...

Vc me encorajou a fazer o mesmo. Me deseje sorte.

;)

Clarice disse...

que incrível Erica. sinceridade é muito lindo. fico feliz que minhas palavras tenham sido inspiradoras. te desejo sentir a mesma leveza que eu estou sentindo agora, seja qual for o outuput da sua conversa :)