Krishna em O Mahabharata [trad. Jean-Claude Carrière]

"Resiste ao que resiste em ti.
Sê tu mesmo"

segunda-feira, 7 de junho de 2010

de todo o resto me dispo

Algo em mim está em festa. Comemora sem saber bem o quê. Celebra a vida, talvez. A vida maravilhosa que se revela enquanto me descubro.

Há muito me viciei em explorar a vida, hoje decido assumir. Assumir que tenho um corpo, que sou sim esse corpo e também o ser que o habita. Assumir que posso dar e receber prazer, desse e a esse corpo e dele aos demais. Assumir que não abro mão do prazer. Dar e receber.

Ouço com atenção o que sinaliza meu corpo e todos os outros, ouço o que articulam entre eles.

Descubrassumo que posso explorar tudo o que existe. O universo é imenso mas é meu. Não há nada que não me pertença. De tudo posso provar e me apropriar e transgredir. E tudo posso doar, expressar, representar, trocar, vir a ser.

Vir a ser. Vir a ser.
Vir a ser. Vir a ser.

Me transformo. A cada dia, cada passo, cada traço, cada dança, cada verso. Muda meu corpo, meu olhar, minha pele, meu ritmo. Mudam minhas respostas. Nada se cala, tudo em mim fala, grita, respira, dança. Tudo em mim se expressa. O mundo em mim se expressa. Toda a poesia do mundo me inunda os olhos, a alma. Arregalo os olhos e deixo o mundo entrar.

Transbordo.

Respiro. Borbulho. Mergulho.

Algo em mim se move em direção a algo. Se arrasta, se atira, desliza, recua. Algo em mim formula sonhos. Me movo em direção a todos os eus que posso vir a ser. Me abraço, me acolho, me revelo, me exploro, me arregaço diante do mundo, me danço.

Algo em mim tem fome e sede. Algo em mim tem abundância. Plenitude. Transbordância.

Açude. Córrego.

Imensidão do mar. Vida em movimento, felicidade em movimento. Casa. Nem os sapatos reconheço como lar.

Só o coração.

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