Krishna em O Mahabharata [trad. Jean-Claude Carrière]

"Resiste ao que resiste em ti.
Sê tu mesmo"

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Eu andava estranha essa semana, sentindo falta de qualquer coisa que não sabia o quê...

das coisas leves, é claro. dessa tela, branca, desse texto correndo... muito antes, conversar com a tela dentro da própria cabeça. assistir televisão. hoje está passando jumanji. e eu, que estava aqui, pensando no futuro. nós já estamos no futuro, bem viiiiiindos ao futuro! e o futuro à nossa frente?

há tempos eu me pego pensando nisso. se para alguém seremos como são para nós aqueles homenzinhos bidimensionais da renascença. ou ainda mais adiante, quando seremos grotescos e supérfulos como são para nós essas criaturas mumificadas que vez em quando são desencavadas.
que pensarão essas pessoas? que farão essas pessoas? nos considerarão sujeitos, essas pessoas?
nós mesmos, quando fechamos os olhos e visualizamos uma escultura ou ilustração grega ganhar vida e andar, falar, quando pensamos em Platão, reconhecemos ali alguém como nós? que reações teria Platão ao cruzar a Avenida Paulista, o quão risível e distanciador nos pareceria seu espanto?

nossa curiosidade não tem limites. assim como nossa vaidade. ambas, por sinal há muito tempo convertidas em instinto de sobrevivência. talvez tenha mesmo a ver com o tal do Revirão do Magno, tem que ler.

ah, a vontade que eu tenho de saber como era estar lá. e como vai ser. e como deve ser ser você. estar agora em qualquer lugar do mundo, em uma choupana nos Alpes, em uma clareira estrelada na Amazônia boliviana, à beira de um vulcão durante uma cerimônia inca, um senhor feudal da Cornuália, Cleópatra, um aborígene australiano, o Buda. Todos esses sujeitos hão. Ou houveram. Tantos outros que haverão. Como sentem, sentiram ou sentirão o mundo, essa quantidade fabulosa de sujeitos? Quantas vidas humanas houveram desde o primeiro hommo sapiens? Quantos sujeitos que se reconheceram como sujeitos?



e se retrocedermos? se a barbárie novamente imperar, se nossa predominância sobre a Terra se svanecer até que sejamos tragados pela selva, por novas classes de selvas? e se nos tornarmos a espécie observada pelos curiosos ou especialistas?

Um comentário:

Anônimo disse...

Nenhuma dessas pessoas existe. Ou existiu. Não existiu Nero ou Leonardo ou Obama ou um idiotinha qualquer arando o campo nas planícies ao redor de Ur. Só existo eu. Só existo Clarice.

(Ou, ao menos, o existir deles não é algo que possa ser "traduzido" no meu existir. No meu existir Marcio.)

Pelo menos é minha convicção atual, essa.