você fica um pouco travada quando fala com ele. assim, não muito travada, mas tímida. quando você está interessada, você fala como falaria comigo, mas um pouco mais tímida.
ela sempre acreditara que se jogava em cima dos homens. que deixava muito claro que estava interessada e que se não acontecia nada a culpa era toda dele. que se o cara quisesse, a gente tinha ficado. não é o que vira o amigo da última vez. mas ele dissera mais, que acreditava que um dia fora diferente.
ela então cogitou a hipótese. de que um dia deixara claro, um dia fora atirada. e que depois alguma coisa mudara, perdera a coragem, ganhara cautela. alguma insegurança, alguma nova regra, alguma série de eventos a transformara.
cabia agora desvendar esse processo, essa mudança, desfazê-la.
{19/10/08}
ou talvez não fosse esse o caso, de desfazer a mudança.
noutra noite, depois de o tema ter sido reconhecido já halgum tempo, supreendera-se conscientemente agindo segundo aquela transformação. defendendo-a. ou revelando-a para defender-se.
fora parte de uma história que começara há mais que meses, na realidade. mas ficara adormecida, uma mera possibilidade, uma agradável ameaça, quase um capricho erótico. nada se desenvolvera, o contexto se transformara. e de repente o turbilhão.
não compreendia porque, mas quando recebera o telefonema, soubera que nao seria capaz. algo a intimidava. nao se sentia à vontade. e não eram as questões externas. essas teriam sido, de certa forma, similares noutro momento. eram mesmo as circunstâncias emocionais e estruturais de sua pessoa que estavam diferentes. seu comportamente deveria então ser outro. até mesmo para preservar-se.
chegara a um momento de fragilidade. e delicadeza. tons pastéis, céus azuis e brancos, mergulhos nos edredons, leveza nos passos de dança.
se não for para me segurar, não me encoste.
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