me dá vontade de fazer outras coisas, de estar ao mesmo tempo em quinhentos outros lugares. ver o fogo queimar numa fogueira em frente à barraca, fumar muitos cigarros em um daqueles cafés simpáticos, dançar tango na praça com os velhinhos, ir ao parque, flutuar pelas bibliotecas.
sempre me vêm as mesmas idéias e me sai o mesmo texto.
é um mundo de egoístas este em que vivemos. mesmo todos juntos na festa, são pessoas sozinhas, divertindo-se na exposição de sua solidão ao grupo. cantamos alto, bradamos as letras e as melodias, mas cada um em seu compasso.
encontro uma coleção de pessoas interessantes toda vez que saio de casa. os encontros e as apresentações. todos sabemos ser muito simpáticos. mas nossa solidão é longa, extensa, espaçosa. na lapa lotada de sorrisos sinceros, somos na verdade enormes bolhas de toda a cidade de diâmetro.
já ninguém se entrega mais. nos explicamos. um esforço hercúleo de se abrir, de se expor, tanto medo. já ninguém mais se apaixona. já ninguém se envolve de verdade. ficamos juntos enquanto quisermos as mesmas coisas, mas não se prenda a mim que eu posso ir a qualquer momento.
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