Eu volto sempre à mesma posição, aqui nessa cadeira, olhando por essa janela, o rio de janeiro não é aqui, o rio de janeiro é lá fora onde eu mesma não vejo mas sei que é muito intenso.
Você, de alguma forma, também não está no rio de janeiro. não adiantaria sair por aí te procurando, você também se assustou com a cidade e se recolheu.
Que venham então as viagens, viajemos pra longe até que deixe de parecer um pesadelo. Porque nisso eu ainda discordo de você, não é acordar e pensar que foi um pesadelo, é passar por cima até do pesadelo.
O tempo é muito maior que a gente, o tempo e o espaço combinados então, podem te revolucionar os sóis. Quem seremos daqui a um, dois, quem sabe quantos meses, até que nos vejamos de novo? Será por vontade ou por acaso contrangedor ou por feliz coincidência? Que nos veremos é certo, afinal, ao sair eu da minha e você da sua toca, ainda estaremos no rio de janeiro, no mesmo rio de janeiro que às vezes nos abusa, às vezes nos dá volta, às vezes nos dá pena, mas que em geral nos apaixona. Mas não se pode prever quem seremos, parte de que seremos, a que ou quem pertenceremos.
Teria sido bom, eu acho. Teria sido melhor que acordar só num sábado cinzento, que dirá então quanto melhor seria que acordar e lembrar do que de fato foi. Infelizes coincidências de vírgulas, de intromissões, de desvios, que nos obrigou a deixar algo faltando.
Não fomos os únicos a sentir faltarem coisas em 2008. Pra todos os lados que eu olho 2008 foi um ano de grandes perdas, de coisas que ficaram faltando.
E agora vem o turbilhão das festas, das praias, dos transatlânticos, dos fogos de artifício, dos alulcinógenos, das batucadas, do povo cantando ladeira acima e abaixo, das paixões irresponsáveis em língua estrangeira.
Mas se daqui a algum tempo, quando voltarmos ao rio de janeiro, ou quando o rio de janeiro voltar ao normal, se acharmos que isso que ficou faltando ainda parece uma boa idéia, faço votos de que em 2009 não nos falte nada.
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